Récita

O espetáculo Récita – tudo aquilo que chama a atenção, atrai e prende olhar, foi o primeiro espetáculo criado por Barbara Biscaro, no ano de 2006. Elaborado ainda enquanto fazia a graduação em Teatro na UDESC, o espetáculo Récita nasceu de um desejo de experimentar as possibilidades da palavra cantada em cena, brincando com uma fusão entre a forma tradicional dos recitais de música câmara, na formação piano e voz, com a linguagem teatral. Esta busca por uma dramaturgia híbrida entre música e teatro é o início da trajetória artística de Barbara como performer que atua e dirige os próprios trabalhos, procurando parcerias com outros artistas, como músicos, cenógrafos e iluminadores.

Com canções de Kurt Weil e Bertolt Brecht, o espetáculo constrói sua dramaturgia a partir da execução da música ao vivo e da busca pela proximidade entre performer e público, desafiando os formatos de música erudita tradicional. A versão do Récita realizada em 2013 marca um desejo de continuidade dessa pesquisa, em um momento de maior maturidade técnica e artística. A nova versão conta com a parceria com o violinista e ator Fernando Bresolin, que é também responsável pelos arranjos em violino das canções de Weill e Brecht. Permanece a parceria da atriz com o cenógrafo e iluminador Roberto Gorgati, responsável pela direção de arte do espetáculo e execução do cenário e iluminação não convencional. O espetáculo foi premiado com o Edital Elisabete Anderle, do Governo do Estado de Santa Catarina em 2013.
O material base do espetáculo é um repertório de canções composto inteiramente por obras de Kurt Weill (1900-1950), compositor alemão contemporâneo precursor do MusikTheater, juntamente com o dramaturgo e encenador Bertolt Brecht (1898-1956). Brecht assina as letras da maioria das composições, que são executadas em inglês, francês e português. São canções de obras teatrais como A Ópera dos Três Vinténs e Ascensão e queda de Mahagonny, que formarão uma dramaturgia que não tenta ‘recriar’ os contextos das canções, mas sim expor uma geografia do grotesco e do medíocre que as personagens de Brecht empreendem: Alabama, Youkali, Mahagonny, Surabaya, Bilbao, são cidades imaginárias, depósitos de ladrões, prostitutas, hipócritas e indesejados que aparecem continuamente nas canções, evocando um universo em comum.
Através da exploração do grotesco, o espetáculo busca as possibilidades cênico-musicais da execução de um repertório desses na atualidade: da negação de uma estética do belo, do solista, da música como arte elevada, os corpos dos atores-músicos subvertem a sonoridade, traem um projeto higiênico; inspirados nos mendigos falsos do Sr. Peachum, os performers em cena cantam, agem e dançam, buscando construir na presença do público noções compartilhadas do patético, do falso, do melodrama, do sonho e da redenção nas histórias cantadas de Weill e Brecht. 



Foto: Cristiano Prim- 2014

Ficha técnica:



Canções de Kurt Weill e Bertolt Brecht

Concepção geral/Direção – Barbara Biscaro

Performers:
Fernando Bresolin
Barbara Biscaro

Cenografia e iluminação – Roberto Gorgati
Preparação corporal – Cláudia Sachs
Produção Geral – Paulo Soares
Figurino e maquiagem – o coletivo/ Prótese dentária – Wagner Monthero
Arranjos (violino) – Fernando Bresolin
Versões das letras em português – Barbara Biscaro (exceto Balada para um soldado morto – Cida Moreira)
Desenho – Roberto Gorgati
Arte gráfica – Daniel Olivetto
Produção Executiva – Nilce da Silva

Duração do espetáculo: 60 minutos
Necessidades técnicas: 3 tomadas elétricas/ cadeiras para o público/ espaço da cena: 1,70m x 6m 



Histórico:

A primeira versão do Récita contava com uma parceria com o pianista Alexandre Gonçalves e o iluminador e bailarino Marcos Klann. O espetáculo foi apresentado durante os anos de 2006 a 2008 em diversos espaços cênicos de Florianópolis.